terça-feira, 24 de maio de 2011

NASCE UM ORIXÁ, UM VODUN, UM INKICE, UMA ESTRELA.

Faleceu nesta manhã de terça, 24, no Rio de Janeiro, o escritor Abdias do Nascimento. Poeta, político, artista plástico, jornalista, ator e diretor teatral, Abdias foi um corajoso ativista na denúncia do racismo e na defesa da cidadania dos descendentes da África espalhados pelo mundo. O Brasil e a Diáspora perdem hoje um dos seus maiores líderes. A família ainda não sabe informar quando será o enterro. Aos 97 anos, o paulista de Franca, passava por complicações que o levaram ao internamento no último mês. Deixa a esposa Elisa Larkin, filhos e uma legião de seguidores, inspirados na sua trajetória de coragem e dedicação aos direitos humanos. (Redação, Correio Nagô)

Foto: doolharnegro.blogspot.com

ABDIAS DO NASCIMENTO


Nascido em Franca, São Paulo, 14 de março de 1914.

Professor Emérito, Universidade do Estado de Nova York, Buffalo (Professor Titular de 1971 a 1981, fundou a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo no Centro de Estudos Porto-riquenhos).

Artista plástico, escritor, poeta, dramaturgo.


Formação acadêmica

Bacharel em Economia, Universidade do Rio de Janeiro, 1938.

Diploma pós-universitário, Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), 1957.

Pós-graduação em Estudos do Mar, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/ Ministério da Marinha, 1967.

Doutor Honoris Causa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1993.

Doutor Honoris Causa, Universidade Federal da Bahia, 2000.

Doutor Honoris Causa, Universidade do Estado da Bahia, 2008




Cargos Eletivos e Executivos Exercidos

Deputado federal (1983-86).

Secretário de Estado, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) (1991-1994).

Senador da República (1991-99). Suplente do Senador Darcy Ribeiro, assumiu a cadeira no Senado, representando o Rio de Janeiro pelo PDT em dois períodos: 1991-1992 e 1997-99.

Secretário de Estado de Direitos Humanos e da Cidadania, Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1999. Coordenador do Conselho de Direitos Humanos, 1999-2000.



Atividades e Realizações Principais

1930-1936. Alista-se no Exército, e na capital de São Paulo participa da Frente Negra Brasileira. Participa das Revoluções de 1930 e 1932, na qualidade de soldado. Combate a discriminação racial em estabelecimentos comerciais em São Paulo.

1936. Muda para o Rio de Janeiro com o objetivo de continuar seus estudos de economia, iniciados em São Paulo.

1937. Protestando contra a ditadura do Estado Novo, é preso e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional e cumpre pena na Penitenciária da Frei Caneca.

1938. Organiza junto com um grupo de militantes negros em Campinas, SP, o Congresso Afro-Campineiro, com o objetivo de discutir e organizar formas de resistência à discriminação racial.

1938. Diploma-se pela Faculdade de Economia da Universidade do Rio de Janeiro.

1940. Integrante da Santa Hermandad Orquídea, grupo de poetas argentinos e brasileiros, viaja com eles pela América do Sul. Em Lima, Peru, faz uma série de palestras na Universidad Mayor de San Marcos (Escola de Economia). Assiste à peça O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, estrelada por um ator branco, Hugo D'Evieri, brochado de preto. A partir das reflexões provocadas por esse fato, planeja criar o Teatro do Negro Brasileiro ao retornar a seu país. Na Argentina, onde mora por mais de um ano, participa de movimentos teatrais com o objetivo de melhor conceitualizar a idéia do Teatro Negro.

1941. Voltando ao Brasil, é preso na Penitenciária de Carandiru, condenado à revelia por haver resistido a agressões racistas em 1936. Funda o Teatro do Sentenciado, organizando um grupo de presos que escrevem, dirigem e interpretam peças dramáticas.

1943. Saindo da prisão, procura em São Paulo apoio para a criação do Teatro do Negro. Não encontrando receptividade junto a intelectuais como o escritor Mário de Andrade, e outros, muda para o Rio de Janeiro.

1944. Funda, com o apoio de um grupo de negros e de setores da intelectualidade carioca, o Teatro Experimental do Negro (TEN). Na sede da UNE, realizaram-se os primeiros cursos de alfabetização, treinamento dramático e cultura geral para os participantes da entidade.

1945. Dirige o TEN na sua estréia no Teatro Municipal com o espetáculo O Imperador Jones, estrelado pelo genial ator negro Aguinaldo Camargo, em 08 de maio, dia da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Daí em diante, até 1968, o TEN teve presença destacada no cenário cultural e teatral brasileiro.

1945. Com um grupo de militantes, funda o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, que luta pela anistia dos presos políticos.

1945-46. Organiza a Convenção Nacional do Negro (a primeira plenária realizando-se em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro), que propõe à Assembléia Nacional Constituinte a inclusão de um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa-Pátria. A iniciativa, apresentada à Assembléia Nacional Constituinte pelo Senador Hamilton Nogueira, não é aprovada.

1946. Participa da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio de Janeiro.

1948. Funda, junto com Sebastião Rodrigues Alves e outros petebistas, o movimento negro do PTB.

1949. Organiza, com a colaboração do sociólogo Guerreiro Ramos e do etnólogo Édison Carneiro a Conferência Nacional do Negro, preparatória do 1º Congresso do Negro Brasileiro.

1949-1951. Funda e dirige o jornal Quilombo, órgão de divulgação do TEN.

1950. Realiza no Rio de Janeiro o 1º Congresso do Negro Brasileiro, evento organizado pelo TEN.

1955. Realiza o Concurso de Artes Plásticas sobre o tema do Cristo Negro, evento polêmico que mereceu a condenação de setores da Igreja Católica e o apoio do bispo Dom Hélder Câmara.

1957. Forma-se na primeira turma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Estréia a peça de sua autoria, Sortilégio: Mistério Negro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo.

1968. Funda o Museu de Arte Negra, que realiza sua exposição inaugural no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Encontra-se alvo de vários Inquéritos Policial-Militares e se vê obrigado a deixar o país. Convidado pela Fairfield Foundation, inicia uma série de palestras nos Estados Unidos.

1968-69. Durante um semestre, atua como Conferencista Visitante da Yale University, School of Dramatic Arts. Inicia sua atuação como artista plástico, pintando telas que transmitem os valores da cultura religiosa afro-brasileira e da luta pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo. (Ver lista de exposições abaixo).

1969-70. Convidado pelo Centro para as Humanidades da Wesleyan University (Middletown, Connecticut), participa durante um ano, com intelectuais como Norman Mailer, Norman O. Brown, John Cage, Buckminster Fuller, Leslie Fiedler, e outros, do seminário A Humanidade em Revolta.

1970. É convidado para fundar a cadeira de Culturas Africanas no Novo Mundo, no Centro de Estudos Portorriquenhos da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo, na qualidade de professor associado, no ano seguinte titular, e lá permanece até 1981.

1973. Participa da Conferência de Planejamento do 6º Congresso Pan-Africano em Kingston, Jamaica.

1974. Participa do Sexto Congresso Pan-Africano, Dar-es-Salaam, Tanzânia, como único representante da região da América Latina.

1976-77. Convidado pela Universidade de Ife, Ile-Ife, Nigéria, passa um ano como Professor Visitante no Departamento de Línguas e Literaturas Africanas.

1976. Participa, a convite do escritor Wole Soyinka, no Seminário Alternativas para o Mundo Africano, reunião em que funda-se a União de Escritores Africanos, em Dakar.

1977. Participa na qualidade de observador, perseguido pela delegação oficial do regime militar brasileiro, do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizado em Lagos. Denuncia, no respectivo Colóquio, a situação de discriminação racista vivida pelo negro no Brasil. Na Europa e Estados Unidos, participa da fundação, desde o exílio, do novo PTB (mais tarde, Partido Democrático Trabalhista - PDT).

1977. Participa, na qualidade de delegado e presidente de grupo de trabalho, do Primeiro Congresso de Cultura Negra nas Américas, realizado em Cáli, Colômbia.

1978. Participa em São Paulo do ato público de fundação e das reuniões organizativas do Movimento Negro Unificado contra a o Racismo e a Discriminação Racial. Participa da reunião internacional de exilados brasileiros O Brasil no Limiar da Década dos Oitenta, em Stockholm, Suécia.

1979. A convite do Bloco Parlamentar Negro (Congressional Black Caucus) do Congresso dos Estados Unidos, e do Sindicato de Trabalhadores do Correio, profere conferência na sede da Câmara dos Deputados em Washington, D.C.

1980. Participa, na qualidade de delegado especial, do Segundo Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado no Panamá, e é eleito pelo plenário Coordenador Geral do Terceiro Congresso. No Brasil, lança o livro O Quilombismo e ajuda a fundar o Memorial Zumbi, organização nacional voltada à recuperação, em benefício da comunidade afro-brasileira e do mundo africano, das terras da República dos Palmares, na Serra da Barriga, Alagoas.

1981. Funda o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) na PUC-SP. Integra a executiva nacional do PDT e funda a Secretaria do Movimento Negro do PDT, no Rio de Janeiro e a nível nacional. Participa da coordenação internacional do projeto Kindred Spirits, exposição itinerante de artes afro-americanas.

1982. Organiza e é eleito para presidir o Terceiro Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado nas dependências da PUC-SP com representantes de todo o mundo africano exceto o Pacífico.

1983. Assume a cadeira de Deputado Federal, eleito suplente pelo PDT-RJ. É o primeiro deputado afro-brasileiro a exercer o mandato defendendo os direitos humanos e civis do povo afro-brasileiro. A convite da ONU, participa do Simpósio Regional da América Latina em Apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em San José, Costa Rica. Visita a antiga sede da UNIA de Marcus Garvey em Limón. Viaja também a Nicarágua, participando de sessões da Assemblea Nacional e conhecendo as populações de origem africana em Bluefields, litoral oriental do país. Em Washington, D.C., participa do seminário Dimensões Internacionais: a Realidade de um Mundo Interdependente, a convite do Bloco Parlamentar Negro (Black Congressional Caucus), na sede do Congresso Nacional dos Estados Unidos.

1984. Cria, junto com um grupo de intelectuais e militantes negros, a Fundação Afro-Brasileira de Arte, Educação e Cultura (FUNAFRO), integrando o IPEAFRO, o Teatro Experimental do Negro, a revista Afrodiaspora, e o Museu de Arte Negra.

1985. A convite da ONU, participa da Simpósio Mundial em apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em Nova York. Participa, novamente, de reunião internacional patrocinada pelo Bloco Parlamentar Negro dos Estados Unidos: a Conferência Internacional sobre a Situação dos Povos do Terceiro Mundo, na sede do Congresso norteamericano em Washington, D.C. Integrando comitiva oficial brasileira, visita Israel a convite do respectivo governo.

1987. Participa, na qualidade de delegado de honra,da Conferência Internacional sobre a Negritude e as Culturas Afro nas Américas, Florida International University, Miami. Integra o Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro.

1987-88. Integra o Comitê Dirigente Internacional, Festival Pan-Africano de Artes e Cultura, Dakar, Senegal. Participa da direção internacional do Memorial Gorée, organização dedicada ao projeto de construção de um memorial aos africanos escravizados na ilha senegalesa que serviu como entreposto do comércio escravista. Integra a direção internacional do Instituto dos Povos Negros, organização internacional promovida com o apoio da UNESCO pelo governo de Burkina Faso e de outros países africanos e caribenhos.

1988. Profere a conferência inaugural da Série Anual de Conferências Internacionais W. E. B. DuBois em Accra, República de Gana, promovida pelo Centro de Estudos Pan-Africanos W. E. B. DuBois, e visita o país a convite do governo. Participa da Comissão Nacional para o Centenário da Abolição da Escravatura. Realiza exposição individual intitulada Orixás: os Deuses Vivos da África, na sede do Ministério da Educação e Cultura, o Palácio Gustavo Capanema.

1989. Na qualidade de consultor da UNESCO para assuntos culturais, passa um mês em Angola. É eleito Presidente do Memorial Zumbi e atua no Conselho de Curadores da Fundação Cultural Palmares, Ministério da Cultura. É nomeado Conselheiro representante do Município no Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Fazenda.

1990. A convite da SWAPO (movimento de libertação nacional transformado em partido político eleito ao primeiro governo da nação), participa da cerimônia de independência da Namíbia e posse do Governo Sam Nujoma, em Windhoek.

1990-91. Durante um ano atua como Professor Visitante, Departamento de Estudos Africano-Americanos, Temple University, Philadelphia. Acompanha Darcy Ribeiro e Doutel de Andrade na chapa do PDT para o Senado, sendo eleito suplente de senador.

1991. Assume a pasta de Secretário de Estado para a Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) no Governo do Rio de Janeiro. A convite do Congresso Nacional Africano (ANC) da África do Sul, participa de sua 48a Conferência Nacional presidido por Nelson Mandela, em Durban. É nomeado membro do Conselho de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

1991-92. Assume a cadeira no Senado. Integra a comitiva presidencial em visita a Angola, Moçambique, Zimbabwe, e Namíbia. Participa no Primeiro Congresso Internacional sobre Direitos Humanos no Mundo Africano, patrocinado pela organização não-governamental AFRIC e realizado em Toronto, Canadá.

1993-94. Retoma a Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras.

1995. Participa das atividades do Tricentenário de Zumbi dos Palmares, em vários estados e municípios do Brasil e nos Estados Unidos. Lança o livro Orixás: os Deuses Vivos da África, com reproduções de suas pinturas, texto sobre cultura e experiência afro-brasileiras, e textos críticos de diversos autores (africanos, norteamericanos, caribenhos, e brasileiros) sobre a sua obra de artes plásticas. É Patrono do Congresso Continental dos Povos Negros das Américas, realizado no Parlamento Latinoamericano em São Paulo, em comemoração ao Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1995.

1996. Recebe da Câmara Municipal de São Paulo o título de Cidadão Paulistano.

1997. Assume em caráter definitivo o mandato de senador da República. Recebe o prêmio de Menção Honrosa de Direitos Humanos outorgado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP. Realiza exposição de pintura no Salão Negro do Congresso Nacional.

1998. Participa com um comentário ao Artigo 4º da Declaração de Direitos Humanos por ocasião do cincoentenário desse documento da ONU em 1998, incluído em volume organizado e publicado pelo Conselho Federal da OAB. Outros artigos foram comentados por personalidades como o rabino Henry Sobel, Adolfo Pérez Esquivel, Evandro Lins e Silva, Dalmo de Abreu Dallari, João Luiz Duboc Pinaud, e outros. Realiza exposição de pintura (28 telas) na Galeria Debret em Paris.

1999. Assume, como titular fundador, a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro. É homenageado pela Câmara Municipal de Salvador entre cinco personalidades do mundo africano: Malcolm X, Abdias Nascimento, Martin Luther King, Patrice Lumumba, Samora Machel.

2000. Extinta a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, preside provisoriamente o Conselho de Direitos Humanos e volta a dedicar-se às atividades de escritor e pintor. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.

2001. É agraciado pelo Schomburg Center for Research in Black Culture, centro de referência mundial que integra o sistema de bibliotecas públicas do município de Nova York, com o Prêmio Herança Africana comemorativo dos 75 anos da fundação daquela instituição. A comissão de seleção dos premiados foi constituída pelo ex-prefeito de Nova York, David N. Dinkins, a poetisa Maya Angelou, o cantor Harry Belafonte, o ator Bill Cosby, a diretora da editora Présence Africaine Mme. Yandé Christian Diop, o professor Henry Louis Gates da Harvard University, a coreógrafa Judith Jamison, o cineasta Spike Lee e o reitor da Universidade das Antilhas Rex Nettleford. As outras cinco personalidades homenageadas com o prêmio em cerimônia realizada na sede da ONU foram o intelectual senegalês e ex-diretor da UNESCO M. Amadou Mahktar M'Bow, a coreógrafa e antropóloga Katherine Dunham, a ativista dos direitos civis e fundadora da Organização das Mulheres Negras dos Estados Unidos Dorothy Height, o fotógrafo Gordon Parks, e músico e fotógrafo Billy Taylor.

Convidado pela Fórum Nacional de Entidades Negras, faz o discurso de abertura da 2ª Plenária de Entidades Negras Rumo à 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Rio de Janeiro, 11 de maio de 2001.

É agraciado com o Prêmio Cidadania 2001, da Comunidade Bah'ai do Brasil, conferido em Salvador em junho.

Inaugura-se em julho o Núcleo de Referência Abdias Nascimento, contra o Racismo e o Anti-Semitismo, e seu Serviço Disque-Racismo, iniciativas da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro.

Profere discurso de abertura do 1º Encontro Nacional de Parlamentares Negros, Salvador, Bahia, 26 de julho de 2001.

Convidado pela Coalizão de ONGs da África do Sul (SANGOCO), profere palestra na mesa Fontes, Causas e Formas Contemporâneas de Racismo, Fórum das ONGs, 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Durban, África do Sul, 28 de agosto de 2001.

É agraciado com a Ordem do Rio Branco, no grau de Oficial, Brasília, outubro de 2001.

É agraciado com o Prêmio UNESCO, categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz, outubro de 2001.

2002. Lança os livros O Brasil na Mira do Pan-Africanismo (CEAO/ EdUFBA) e O Quilombismo, 2ª ed. (Fundação Cultural Palmares).

É convidado pelo Liceu de Artes e Ofícios da Bahia a ser o palestrante da segunda de suas novas Conferências Populares, continuando essa tradição centenária no seu 130o aniversário.

Participa das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra em Porto Alegre, 20 de novembro.

É homenageado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, na sua 4ª Conferência Nacional realizada em Brasília em 11 de dezembro, como personalidade destacada na história dos direitos humanos no Brasil.

Exposição Abdias do Nascimento: Vida e Arte de um Guerreiro, Centro Cultural José Bonifácio, Rio de Janeiro, inaugurada em dezembro.

2003. Discursa, na qualidade de convidado especial, na inauguração da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Brasília, 21 de março.

É homenageado pela Fala Preta! Organização de Mulheres Negras de São Paulo, como personalidade destacada na defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes brasileiros, 22 de abril.

Publica em maio edição em fac-símile do jornal Quilombo (São Paulo: Editora 34).

Recebe o Diploma da Camélia, Campanha Ação Afirmativa/ Atitude Positiva, CEAP e Coalizão de ONGs pela Ação Afirmativa para Afrodescendentes, Rio de Janeiro, 17 de novembro.

Recebe o Prêmio Comemorativo das Nações Unidas por Serviços Relevantes em Direitos Humanos, Rio de Janeiro, 26 de novembro.

2004. No Seminário Internacional Políticas de Promoção Racial, recebe o Prêmio de Reconhecimento da Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Brasília, 21 de março de 2004.

Recebe homenagem da Presidência da República aos 90 anos "do maior expoente brasileiro na luta intransigente pelos direitos dos negros no combate à discriminação, ao preconceito e ao racismo". Brasília, 21 de março de 2004.

Recebe prêmio de Reconhecimento 10 Years of Freedom - South Africa 1994-2004, do Governo da África do Sul, abril de 2004.

Profere palestra "Memorial de Luta", no Seminário O Negro na República Brasileira: Pautas de Pesquisa, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afro-Descendente da PUC-Rio, maio de 2004.

Participa do VII Congresso da BRASA, Associação de Estudos Brasileiros, na qualidade de homenageado no Painel sobre a sua vida e obra, realizado em sessão plenária do dia 10 de junho de 2004, na PUC-Rio.

Participa do Fórum Cultural Mundial, realizado em São Paulo em julho de 2004, como homenageado no painel Abdias Nascimento, um Brasileiro no Mundo, organizado pela SEPPIR, em que é lançado oficialmente o seu nome para o prêmio Nobel da Paz, ampliando a repercussão da indicação feita pelo Instituto de Advocacia Ambiental e Racial - IARA.

Assista vídeo onde Abdias fala sobre sua militânca

http://www.youtube.com/watch?v=kjT-nbvV0uE&feature=player_embedded


terça-feira, 17 de maio de 2011

Simpósio de Matrizes Africanas e Educação Municipal

POR FAVOR PASSEM ADIANTE. INTERESSE DE TODOS E TODAS!!!

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: CPPR SEMUR <semur.cppr@gmail.com>
Data: 17 de maio de 2011 11:30
Assunto: Fwd: FW: Contato SEMUR - Simpósio de Matrizes Africanas e Educação Municipal
Para: valdolumumba21@gmail.com

 Prezad@s,

Solicitamos vosso importante apoio e participação no I Simpósio de Matrizes Africanas e Educação Municipal - Diálogo sobre a Lei 10.639, atividade que nasce da articulação SEMUR e SECULT/FIEMA.
 
O evento será realizado dia 27/05/2011, no Centro Cultural Plataforma, às 14h,  no seguinte endereço: Praça São Braz,  s/n. Plataforma.
 
 
Atenciosamente,
 
Tânia Amado
Coordenadora CPPR
Secretaria Municipal da Reparação
Tel.:(71) 4009-2609/2608
 
 






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QUE AS FORÇAS CONSTRUTIVAS  DO UNIVERSO ESTEJAM EM TODOS OS SEUS DIAS.
Juntos somos fortes, juntos podemos mais.

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quarta-feira, 27 de abril de 2011

2011, Ano Internacional para Afro-Descendentes

ONU proclama 2011 como Ano Internacional para Afro-Descendentes 

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.* 10/12/2010

 

As Nações Unidas lançaram, nesta sexta-feira em Nova Iorque, o Ano Internacional para Descendentes de Africanos.

Em mensagem à Assembleia-Geral, Ban Ki-moon diz que o evento pretende reforçar o compromisso político para erradicar a discriminação.

As Nações Unidas lançaram, nesta sexta-feira em Nova York, o Ano Internacional para Descendentes de Africanos.

Erradicar a discriminação

Num discurso, o Secretário-Geral, Ban Ki-moon explicou o objetivo do evento, que será marcado em 2011.

Diversidade
Segundo ele, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.

Numa entrevista à Rádio ONU, de Cabo Verde, antes do lançamento, o historiador guineense Leopoldo Amado, falou sobre a importância de se conhecer as origens africanas ao comentar o trabalho feito com quilombolas no Brasil.

Dimensão

"Esses novos quilombolas têm efetivamente o objetivo primordial de fortalecer linhas de contato. No fundo restituir-se. Restituir linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de reestabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate. A dimensão diaspórica da África é efetivamente larga e grande", disse.

Ban lembrou que pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.

Declaração de Durban

A comunidade internacional já afirmou que o tráfico transatlântico de escravos foi uma tragédia apavorante não apenas por causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.

O Secretário-Geral finalizou a mensagem sobre o Ano Internacional para os Descendentes de Africanos, lembrando a Declaração de Durban e o Programa de Ação que pede a governos para assegurar a integração total de afro-descedentes em todos os aspectos da sociedade.

FONTE: Site da ONU


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sexta-feira, 18 de março de 2011

O PROJETO DA 1ª REPÚBLICA BRASILEIRA CONTINUA

TERÇA-FEIRA, 15 DE MARÇO DE 2011

Morte de jovens negros tem cenário de 'extermínio'

BRASÍLIA - O Mapa da Violência 2011 mostra que a vitimização juvenil
por homicídios continua a crescer. O número de homicídios entre a
população negra é explosivo e, o que é pior ainda, a vitimização entre
jovens negros tem índices muito altos, beirando um cenário de
"extermínio". Após uma década (1998-2008), continua praticamente
inalterada a marca histórica de 92% da masculinidade nas vítimas de
homicídio.

Levando em conta o tamanho da população, o Mapa mostra que a taxa de
homicídios entre os jovens passou de 30 (em 100 mil jovens), em 1980,
para 52,9 no ano de 2008. Já a taxa na população não-jovem permaneceu
praticamente constante. O estudo concluiu que o incremento da
violência homicida no Brasil das últimas décadas teve "como motor
exclusivo e excludente a morte de jovens".
Em 1998, a taxa de homicídios de jovens (idade 15 e 24 anos) era 232%
maior que a taxa de homicídios da população não-jovem. Em 2008, as
taxas juvenis já eram 258% maiores. Essa é média nacional, mas há
Estados com índices de vitimização jovem acima de 300%, como Paraná e
o Distrito Federal.
Na população não jovem, só 9,9% do total de óbitos são atribuíveis a
causas externas (homicídios, suicídios e acidentes de transporte). Já
entre os jovens, as causas externas são responsáveis por 73,6% das
mortes. Se na população não-jovem só 1,8% dos óbitos são causados por
homicídios, entre os jovens, os homicídios são responsáveis por 39,7%
das mortes.
O Estado de menor vitimização juvenil, Roraima, no ano de 2008, tinha
proporcionalmente 66% mais vítimas juvenis. No outro extremo, Amapá e
Paraná e Distrito Federal ostentam quatro vezes mais mortes juvenis do
que as outras faixas.
Negros e jovens. A partir de 2002 fica evidente um forte crescimento
na vitimização da população negra. Se em 2002 morriam
proporcionalmente 46% mais negros que brancos, esse percentual
eleva-se para 67% em 2005 e mais ainda, para 103% em 2008. Assim,
morrem proporcionalmente mais do dobro de negros do que brancos.
Segundo o Mapa da Violência/2011, isso acontece porque, por um lado,
as taxas de homicídios brancos caíram de 20,6 homicídios em 100 mil
brancos em 2002 para 15,9 em 2008. Já entre os negros, as taxas
subiram: de 30 em 100 mil negros em 2002 para 33,6 em 2008.
Entre os jovens, esse processo de vitimização por raça/cor foi mais
grave ainda. O diferencial (índice de vitimização) que em 2002 era
também de 46% eleva-se para 78% em 2005 e pula para 127% em 2008. Mas
essas são médias nacionais.
"Esmiuçando os dados, vemos que há estados como Paraíba ou Alagoas em
que por cada jovem branco assassinado morrem proporcionalmente mais de
13 jovens negros (13 em Alagoas, mas são 20 na Paraíba", descreve o
Mapa.
Fonte: Estadão
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EM RELAÇÃO ao RACISMO INSTITUCIONAL DA PM - assista o vídeo acima no "QUE PAÍS É ESTE"


"TRAIDORES, ASSASSINOS DE SEUS IRMÃOS"!


EU PENSO QUE É HORA DE O MOVIMENTO NEGRO, CONCLAMAR TODO O MOVIMENTO SOCIAL, EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES E REPRESENTAÇÕES E COM TODA SUA FORÇA FAZER UMA PRESSÃO VISÍVEL DE REPÚDIO E DE INDIGNAÇÃO À POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA, MELHOR, DE INSEGURANÇA PUBLICA, ESTABELECIDA EM GOVERNOS PASSADOS, ALÍAS DESDE QUE A POLÍCIA MILITAR ENTROU EM VIGOR (186 ANOS ATRÁS) E CONTINUADA DESCARADAMENTE PELO GOVERNO WAGNER.

MUDAR O SECRETÁRIO E MANTER A "POLÍTICA" DE EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA NÃO ADIANTA.

EM PLENO SÉCULO 21, NUMA DEMOCRACIA, NUM ESTADO DE DIREITOS, NUM GOVERNO DE "ESQUERDA", NÓS NEGROS E NEGRAS CONTINUAMOS SENDO CULPADOS ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO. CONTINUAMOS APANHANDO OU SENDO MORTOS PRIMEIRO PRA SE AVERIGUAR DEPOIS. A POLÍTICA MAIS CONVENIENTE PARA SOLUCIONAR A SITUAÇÃO DESESPERADORA DA JUVENTUDE _ QUE DEVERIA SER CONSIDERADA COMO DE SAÚDE PÚBLICA E NÃO COMO EXCLUSIVAMENTE DE SEGURANÇA _ A BALA E A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL GRATUITA, COMO NESTE CASO, AINDA ESTÃO SENDO A PREFERÊNCIA DO ESTADO, SEJA PORQUE A MAIS BARATA, SEJA PORQUE A DE COSTUME CONTRA A POPULAÇÃO NEGRA.

TEMOS FILHOS, SOBRINHOS, AMIGOS EM IDADES TENRAS E SOMOS NATOS DESSA SOCIEDADE, NÃO É POSSÍVEL QUE OS "BRANCOS" NO PODER, TRANQÜILAMENTE INSTALADOS NA SUA ZONA DE CONFORTO CONTINUEM CONIVENTES COM O COMPORTAMENTO RACISTA DO ESTADO, CONTINUEM ACHANDO QUE SOMOS DESCARTÁVEIS E DESNECESSÁRIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE LIVRE, RESPEITOSA E DESENVOLVIDA.

As VIOLAÇÕES SOBRE NÓS SE MANTÈM PRINCIPALMENTE NOS ESPAÇOS E MOMENTOS MAIS SIGNIFICANTES PARA A POPULAÇÃO, COMO O DE SAÚDE, EDUCAÇÃO E NO SEU DIREITO DE I R E VIR.

PARA FINALIZAR QUERO RECORDAR ALGO QUE STEVE BIKO DIZIA EM RELAÇÃO AOS POLICIAIS MILITARES NEGROS QUE SERVIAM AO ESTADO DO APARTHEID SULAFRICANO: "TRAIDORES, ASSASSINOS DE SEUS IRMÃOS"! NÃO SE APLICA AO BRASIL, TAMPOUCO À POLÍCIA BAIANA DO PONTO DE VISTA CONJUNTURAL, PORQUE SEUS PREPOSTOS NÃO ESTÃO SUBMETIDOS EXPLICITAMENTE AOS ESTATUTOS RACISTAS DE LEIS DE APARTHEID E, EM SUA MAIORIA OS COMANDADOS NÃO TÊM CAPACIDADE CRÍTICA, NEM INFORMAÇÃO DO PROCESSO HISTÓRICO DA SOCIEDADE EM QUE ESTÃO INSERIDOS (ASSIM QUEREM SEUS COMANDANTES); CONTUDO, SE APLICA AOS NEGROS E NEGRAS QUE CONSEGUIRAM GALGAR UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA DO FUNCIONAMENTO DESTA SOCIEDADE, APESAR DE TODAS AS DIFICULDADES HISTÓRICAS A QUE FOMOS SUBMETIDOS PARA DESENVOLVER NOSSA INTELECTUALIDADE E, ESTANDO DENTRO DAS INSTÂNCIAS DE PODER; SOBRETUDO DAS QUE PODEM INFLUENCIAR PARA AS EFETIVAS, NECESSÁRIAS E TÃO ESPERADAS MUDANÇAS, NÃO AS APLICAM. PORTANTO, STEVE BIKO NO BRASIL FALARIA PARA ESTES:

"TRAIDORES, ASSASSINOS DE SEUS IRMÃOS"!

NÃO ESTOU DIZENDO QUE É FÁCIL, NÃO ESTOU DIZENDO QUE NADA TEM SIDO FEITO, MAS ESTOU DIZENDO QUE POR VEZES MUITOS SE CALAM DIANTE DA POSSIBILIDADE DE PEDER SUA POSIÇÃO FINANCEIRA E STATUS SOCIAL, QUANDO CERTAMENTE A DEMARCAÇÃO DE UMA POSTURA POLÍTICA MAIS ACIRRADA É POR SI SUBDIMENCIONADA E PORTANTO, NÃO POSTA COMO OBJETO DE PRESSÃO. QUEM TEM SUA CONSCIÊNCIA TRANQUILA, QUE PERMANEÇA COM SUA PRÁTICA.

SE DEPENDER DESSAS PESSOAS A JUVENTUDE "PRETA" CONTINUARÁ SENDO MASSACRADA, NÃO IMPORTA A QUE PREÇO, NÃO IMPORTA SE SEU FILHO OU SEU SOBRINHO, VIZINHO OU AMIGO SEJAM OS PRÓXIMOS.