segunda-feira, 21 de junho de 2010

ao ESTATUTO DO DEM Diga



---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Walter Rui Pinheiro <okurindudu@gmail.com>
Data: 21 de junho de 2010 09:30
Assunto: Fwd: Diga não
Para:


Contra o Entreguistas da SEPPIR, diga NÃO a este Estatuto!!! (por Roque Peixoto)


Lembro de quando em 2003, estávamos discutindo a necessidade do Estatuto da Igualdade Racial ter um Fundo para que fosse possível a real Reparação das mazelas sofrida pela população negra brasileira. Lembro que o DEM, ainda PFL, dizia que o Estado não poderia destinar recursos públicos para uma "pequena parte" dos brasileiros.


Lembro ainda que em 2004, já com alguns conchavos acontecendo contra o Estatuto, dizíamos durante o Iº Seminário sobre Políticas Públicas para a Juventude Negra, o qual coordenei, que o Estatuto para nós só prestava se fosse com o Fundo de Promoção da Igualdade Racial.


Lembro que tínhamos uma SEPPIR fortalecida. Uma SEPPIR que tinha DIREÇÃO. Que não topava acordos onde apenas nós perderíamos. Era uma SEPPIR que não tinha medo do enfrentamento. Era uma SEPPIR pautada pelos Movimentos de Promoção da Igualdade Racial e de Combate ao Racismo. Era a SEPPIR dos Babás e das Ebomes. Era a SEPPIR da Juventude Negra. Era a SEPPIR do Movimento Negro. Era uma SEPPIR com a "Cara" do Governo Lula. Mas ainda havia gente que dizia que a companheira Matilde não era de luta. Será? E agora José?


O que acabamos de ver nos últimos dias teria sido anunciado na ultima CONAPIR. Mas como ainda estávamos achando que a SEPPIR era aquela que topava primeiro dialogar e compor com os Movimentos Sociais Negros, apresentamos uma proposta sobre o Estatuto onde imaginávamos que as deformações que o mesma já havia sofrido, não se aprofundariam mais.


O que acabamos de ver nestas ultimas semanas, foi o reflexo de uma SEPPIR que não dialoga com o Movimento Negro. De uma SEPPIR entreguista. Acabamos de ver dirigentes de um Ministério que apenas estão preocupados com a pose para a foto. E que explicitamente se traduz o comportamento com uma deixa: O MOVIMENTO NEGRO QUE SE LIXE! Juro que ouço a voz dos dirigentes da SEPPIR me dizendo isso. Mesmo que eles não tenham dito em lugar nenhum. Aliás, nem para a imprensa eles disseram nada. Será que estão com vergonha?


Este não é e nunca foi o nosso Estatuto da Igualdade Racial. Mas com certeza, é a reedição da Lei Áurea. Só que dessa vez, apoiada e transcrita pelas mãos do carrasco. Ou o que parece o DEM-óstenes Torres?


Para nós o que ainda resta é articular uma grande mobilização nacional para que o Presidente Lula não sancione essa deformação que os dirigentes da SEPPIR, em parceria com o DEM, querem chamar de Lei. É preciso que enviemos mensagens para a Presidência da República repudiando esse acordo. Denunciando que este não é o Estatuto que o Povo Negro Brasileiro quer. E denunciando que quem defende este Estatuto do DEM está conjuminado com a direita reacionária racista deste país. Não há divisão no Movimento Negro. O que há é o Movimento Negro de Massas e que faz o enfrentamento real neste país e do outro lado, os oportunistas entreguistas conjuminados com o DEM.


Como ainda me restam forças e não me sinto derrotado nesta guerra, estarei perturbando o juízo deste povo como um Egum em polvorosa.


Ainda me resta força. Ainda me resta vontade. E tenho certeza que se hoje estou aqui, só devo aos Quilombos, à minha avó Mariá e a Zumbi.


Com sangue nos olhos e muita raiva deste acordo inescrupuloso, termino este round.


Saudações Quilombolas e Socialistas! !!

Roque Peixoto
Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN
Secretário Adjunto de Combate ao Racismo do PT-Ba
Membro do Coletivo Nacional de Combate ao Racismo do PT

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Atenciosamente;
Cristiele França

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atenciosamente

Walter Rui

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Atenciosamente, 
Valdo Lumumba
Religioso do Candomblé
Coordenação do Fórum de Entidades do Subúrbio Ferroviário - FES
Diretoria da Rede Religiosa de Matriz Africana do Subúrbio- RREMAS
Filiado ao Partido do Trabalhadores desde 1982
Fundador do Instituto Cultural Steve Biko
Cientista Social

domingo, 20 de junho de 2010

Re: RACISMO NA COPA DO MUNDO

por Luiz Carlos Azenha

"O negro é cientificamente mais forte", disse um ilustre comentarista, em tom de elogio, a respeito da seleção da Costa do Marfim. Um narrador chegou a sugerir que sobra força física mas falta inteligência aos times "africanos", razão que estaria na base do suposto fracasso das seleções do continente em avançar para a segunda fase.Bem-vindos à cobertura da Copa do Mundo da África do Sul.


Curiosamente, nos dois casos, provavelmente sem saber os "profissionais" reproduziram teorias cujo objetivo era fornecer justificativa intelectual para a ocupação física da África pelo colonialismo europeu.


Resumindo grosseiramente, essas teorias pregavam a superioridade natural dos europeus brancos sobre os nativos, que seriam "fortes", mas "preguiçosos", "lascivos" e "intelectualmente inferiores". Essas
constatações serviam, naturalmente, para justificar as ações europeias na África: o controle das terras, dos recursos naturais e a utilização dos negros "fortes" como mão-de-obra escrava ou semi-escrava.
Justificavam, inclusive, o controle das rebeliões da mão-de-obra com o uso de métodos violentos (no Congo, os agentes do rei belga Leopoldo cortavam as mãos dos trabalhadores que não cumpriam as cotas de extração
de borracha natural).


Os negros, afinal, não eram apenas atrasados. Eram bárbaros, representavam com sua "lascividade" uma ameaça física às mulheres brancas, símbolo máximo da "pureza" da civilização europeia, especialmente na era vitoriana. Vem daí o mito do superpoder sexual dos homens negros (assim como, na Segunda Guerra Mundial, a propaganda americana espalhou o mito de que os orientais são sexualmente pouco dotados em termos de centimetragem).


Para justificar a barbárie, surgiram pseudociências como a frenologia, que pretendia comprovar que as características de um ser humano podiam ser definidas pelas formas da cabeça. Os "cientistas" passaram a se dedicar, por exemplo, a medir o tamanho da cabeça de brancos e negros, encontrando nestes desenhos cerebrais que eram "prova definitiva" de sua inferioridade. Quando os alemães ocuparam as terras
do povo herero, no que hoje é a Namíbia, por exemplo, provocaram uma rebelião que foi esmagada com uma guerra de extermínio e a implantação de campos de concentração para a população civil. Destes campos sairam dezenas de cabeças de prisioneiros mortos, remetidas para a Alemanha para "estudos científicos".


Assim como os campos de concentração foram primeiro implantados na África (pelos britânicos, na guerra contra os bôer, pelo controle do que hoje é a África do Sul), as teorias que mais tarde seriam aplicadas por
Josef Mengele em Auschwitz foram "testadas" pelo pai da eugenia, o médico e antropólogo alemão Eugen Fischer, na África.


Dizer, hoje em dia, que todos os africanos são fortes a partir do exemplo de 11 jogadores da seleção da Costa do Marfim é o mesmo que presumir que todos os estadunidenses são gigantes a partir da observação
de um jogo de basquete entre os Lakers e os Celtics. Embora os brasileiros dominem há anos as competições de vôlei masculino, não há nenhuma razão para acreditar que sejamos "naturalmente dotados" para a
prática do vôlei.


O que os nossos comentaristas, narradores e "jornalistas" deveriam se perguntar é razoavelmente óbvio: por que a seleção da Costa do Marfim é musculosa assim? Será que os africanos nascem com aqueles biceps e
triceps "naturalmente" desenvolvidos?


Talvez eles encontrassem explicação no fato de que os jovens jogadores de futebol de alguns países da África — Camarões, Gana e Costa do Marfim, por exemplo — mal fazem estágio em equipes locais antes de
ir para a Europa. Muitos destes jogadores são recrutados na pré-adolescência por caça-talentos que servem a escolinhas de formação de jogadores. No caso de Costa do Marfim, por exemplo, a escolinha mais
importante do país vende um jogador jovem (18 a 21 anos de idade) para times de segunda ou terceira divisão da Europa por cerca de 600 mil dólares. Como o contato físico no futebol europeu é tido como uma
característica do jogo, é apenas natural que tantos os preparadores quanto os próprios atletas trabalhem para "bombar" o físico. Não é diferente com jogadores brasileiros (vide a transformação física do
Ronaldo, por exemplo). Muitas vezes um bom jogador brasileiro, como o Neymar, é tido como "muito franzino" para enfrentar o rigor do futebol europeu. E tome musculação, para não falar em hormônios e outros métodos
clandestinos.


Pessoalmente acredito que essa é uma tendência suicida para o futebol arte: a produção em massa, em todo o mundo, de super-atletas destinados a suprir as necessidades de mão-de-obra das ligas europeias, jovens
precocemente "bombados" e com pouco domínio dos fundamentos básicos do futebol (notem a qualidade bisonha dos chutes a gol na Copa do Mundo da África do Sul). Mas isso é outro assunto.


O que espanta, mesmo, é ver gente com alto poder de influência sobre o grande público repetir, em pleno século 21, preconceitos que nasceram de teorias racistas do século 19. São, afinal, apenas dois séculos de
atraso.


Fonte: http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/e-depois-ainda-dizem-que...

Título original: E depois ainda dizem que Dunga é o atrasado

Tags: copadofutebolmundo



RACISMO NA COPA DO MUNDO



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QUE AS FORÇAS POSITIVAS DO UNIVERSO ESTEJAM EM TODOS OS SEUS DIAS.