quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ao SUFOCAR PALMARES E depois CANUDOS, O RIO FOI CRIADO

Ao SUFOCAR PALMARES E depois CANUDOS, O RIO FOI CRIADO

Assistindo ao noticiário, lendo nas narrativas telejornalisticas a "satisfação" e "aprovação" anunciada como verdadeiramente popular, refleti sobre quem estava sendo encurralado... Quem são aquelas pessoas? Algumas das senas, que repetidas vezes foram ao ar, me pareciam como "ratos', fugindo de um navio afundando. Fiquei muito triste!

Conversando com uma velha amiga, ela me contava de uma sena que ela assistiu esses dias, onde um preso que recebeu um salvo conduto e que foi pego assaltando e, portanto recolhido novamente e que disse pro repórter: "eles me deram salvo conduto, mas eu ia fazer o quê aqui fora? Nada tinha pra eu fazer, então só podia roubar de novo!" E acrescentou: "Mas os verdadeiros ladrões estão ai de terno e gravata, mas ninguém prende!". Aliás, podemos completar a esta lógica apresentada pelo "meliante" um questionamento: onde estão os assassinos do Índio Galdino (filhinhos "brancos" das Elites).

Meus Deuses!!!

Fico a pensar: porque o sistema carcerário brasileiro não é projetado para recuperação dos detentos.? Mas sei a resposta: quem se preocupa com os pretos? Quem quer salvar os pretos? Para que gastar dinheiro se matar é muito mais barato. Recordo sempre de uma frase que ouvi da Profª Dra Vilma Reis e do Militante e OMORIXÁ Hamilton Borges: "a sociedade Brasileira é acostumada a matar negros". O pior é que olhando a história não se pode discordar dessa tragédia, infelizmente, o processo de escravização do africano deixou também esta seqüela,  que é um dos desdobramentos do RACISMO. Queria que não fosse assim, mas observe: em que medida, a morte, por mais brutal ou "injusta" que seja de uma criança negra, uma jovenzinha negra, uma mulher negra, ou um rapazote negro, comove o Brasil. Eu poderia desfilar aqui "n" exemplos que se quer repercutiu mais de 3 dias. Mas quero me ater a outro fato: uma resposta aos olhos do mundo precisava ser dada à situação de "ousadia" do crime anunciado como "organizado", afinal 2014 está próximo, 2016 na seqüência. Concordo que algo precisava ser feito! Mas, cá dê as alternativas, cá dê os mutirões de justiça? Cá dê a superação do ócio nocivo nas prisões? Cá dê o incentivo pesado, EM BILHÕES DE REAIS ao esporte nas escolas públicas? Cá dê?   O projeto Brizzolista de Escola em tempo integral (CIEEPs), por que não foi adotado como Política Nacional de Estado para combater a marginalidade potencializada pelo ÓCIO NOCIVO da juventude das periferias em todos os Estados brasileiros?  

O Brasil passa por um momento potencial que não é possível perder: a presidente eleita (Dilma) anunciou em campanha que muito investirá em Educação; a COPA do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016.  São elementos que se combinam para uma solução não beligerante do Poder Público frente a "criminalidade" para o futuro próximo da  Nação, mas muito antes para o futuro da Juventude deste país, que por sinal é um importante segmento desta nação .

Uma emissora de TV exibiu reportagem sobre escolas com alto índice de violência, onde professores e demais profissionais de Educação têm dificuldade de produzir um trabalho que cumpra o papel pedagógico esperado. Coincidiu que semana passada próxima visitei uma escola de ensino fundamental em Camaçari, município da Região Metropolitana de Salvador, a convite de uma Professora amiga, e vi ali comportamentos  por parte dos alunos que cabiam perfeitamente na matéria jornalística citada. Na oportunidade de minha visita, comentei com algumas das professoras, que na verdade elas eram "bombeiras", fazendo uma alusão aos profissionais que apagam incêndio; já que é público e notório que a escola pública  não esta equipada para o enfrentamento a realidade  a muito experimentada pelos centros urbanos; como educador, identifico a necessidade de que a nova escola publica, visando 2016, além de uma infra-estrutura que contemple variadas modalidades esportivas e artes cênicas, o investimento em profissionais de Psicologia e Assistência Social, precisa ser acrescido á equipe pedagógica. Precisa acontecer um esforço conjunto entre Secretarias de Governo (no caso da Bahia - Educação, SEDES, SEPROMI, SETRE), para que possam ser conjugadas ações que atinjam as famílias dos estudantes  nos mais diversos aspectos, que cada uma dessas secretarias cuida.

Por fim, qual a relação do que foi exposto nesta reflexão até aqui, com o título anunciado?

É simples: os jovens negros, das periferias, que são assassinados todos os dias, cujas as estatísticas vencem para a mortandade de  várias das guerras que o mundo assistiu na última década, são descendentes daqueles povos (dos Quilombos  e  de "Canudos". Canudos, que aliás, ao ser "aniquilado" pelo governo brasileiro, no final do século 19, rendeu como prêmio  aos soldados-mercenários, terrenos nos morros cariocas; diga-se  de passagem também espaços desassistidos desde cedo pelo poder público). Descendentes, seja do ponto de vista biológico, seja do ponto vista metafórico, que o Estado brasileiro depois de ter "chupado" o sangue dos seus "avós" durante quase 350 anos, os abandonou à própria sorte; estamos vivendo  as  conseqüências deste fato histórico. De saída isso denuncia uma dívida com este segmento, maioria da população e, justifica todos os investimentos que possam ser realizados, para que se evite a perpetuação do genocídio já em curso, por quaisquer que sejam os álibis utilizados. Ontem foi a "vadiagem", hoje é "o tráfico".

 

Valdo Lumumba

Religioso de Matriz Africana

Educador/ Cientista Social / Consultor

 



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QUE AS FORÇAS CONSTRUTIVAS  DO UNIVERSO ESTEJAM EM TODOS OS SEUS DIAS.
Juntos somos fortes, juntos podemos mais.